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domingo, 20 de novembro de 2011

Canal de S. Roque

Canal de S. Roque

(Sem data)


Depósitos de sal no Canal de S. Roque (começos do séc. XX)

(Editor: Emílio Biel. Postal Nº 190, série geral)

Canal de S. Roque antes da construção do cais. À esquerda, o canal da Praça do Peixe e os Botirões (1902)
(Foto do catálogo da exposição de António Graça realizada em Outubro de 1984. Edição da CMA)

Canal de S. Roque e marinhas (Sem data)
(Editor: Alberto Malva, Lisboa. Colecção Morais Sarmento)

Lota de peixe no Canal de S. Roque (1921)
(Álbum Carneiro da Silva)

A antiga ponte dos Carcavelos, sobre o Canal de S. Roque (sem data, mas anterior a 1942, ano em que a ponte ruiu e foi substituída pela actual)
(Foto do catálogo da exposição de António Graça realizada em Outubro de 1984. Edição da CMA)

Outro aspecto da antiga ponte dos Carcavelos
(Foto da exposição de António Graça, realizada em Outubro de 1984. Edição da CMA)

A nova ponte dos Carcavelos (1953)
(Foto do catálogo da exposição de António Graça, realizada em Outubro de 1984. Edição da CMA)


Outro aspecto da actual ponte dos Carcavelos (sem data)
(Colecção Carvalhinho - Américo Carvalho da Silva)


Canal de S. Roque (sem data)

(Colecção Carvalhinho - Américo Carvalho da Silva)


Carregamento de sal em vagões no ramal de caminho de ferro do Canal de S. Roque(sem data)

(Colecção Carvalhinho - Américo da Silva Carvalho)


Descarga de sal no Canal de S. Roque (sem data)

(Colecção Carvalhinho - Américo da Silva Carvalho)


Descarga de sal no Canal de S. Roque (sem data)

(Colecção Carvalhinho - Américo da Silva Carvalho)


Palheiros e montes de sal junto do Canal de S. Roque (1953)

(Foto do catálogo da exposição de António Graça, realizada em Outubro de 1984. Edição da CMA)


Marinhas Balacozinha, Rata e Ponte, do grupo de S. Roque - Esgueira (sem data)

(Foto da CMA)


Ponte de S. João do Rossio, que dá entrada no Canal de S. Roque (1964)

(Foto do catálogo da exposição de António Graça, realizada em Outubro de 1984. Edição da CMA)



Notas à margem



* De acordo com Manuel Ferreira Rodrigues ("A Construção Civil em Aveiro, 1860-1930), o canal de S. Roque "é aberto" em finais da primeira década do séc. XX, numa altura em que a cidade conhecia uma fase de desenvolvimento apreciável: "Sublinho que, nesta altura, é aberto o Canal de S. Roque, são rasgadas novas ruas, na cidade e no concelho, e surgem outras unidades fabris, importantes para o desenvolvimento da região, e que parecem testemunhar, no seu conjunto, alguma conexão entre urbanização e industrialização. Disso são exemplo o aparecimento da Empresa Cerâmica da Fonte Nova, concorrente da Jerónimo Pereira Campos e Filhos, a Fábrica de Moagem dos Santos Mártires e a Fábrica de Asfalto, em 1903; a Fábrica de Chocolate, a Fábrica de Gasosas e Pirolitos e a Fábrica de Lixa Luzostela, em 1904; e a Fábrica de Louça dos Santos Mártires, em 1905, entre outras de menor significado económico."



* Pouco posterior é um decreto do Ministério do Fomento que "declarou de utilidade pública e urgente a expropriação de três parcelas de terreno para a construção do prolongamento de uma linha férrea de serviço entre a estação de Aveiro e o canal de S. Roque, cujo projecto já fora aprovado em 11 de Abril (Diário do Governo, n.º 201, 27-8-1912, pg. 3038). Este ramal (ramal do Canal de S. Roque) foi construído para o transporte do sal extraído das salinas de Aveiro. Foi a Companhia dos Caminhos-de-Ferro Portugueses a construir esta via-férrea, aberta à exploração a 19 de Setembro de 1913. O ramal foi desactivado na década de 1960.
Fonte: Wikipedia



* Como se vê por algumas das fotos acima, antes da actual ponte dos Carcavelos existiu uma outra, bastante rudimentar, em madeira, que desabou a 9 de Setembro de 1942, numa altura em que estava "cheia de pessoas que desejavam ver uma corrida de bateiras, integrada no programa das festas de Nossa Senhora das Febres", não havendo "desastres graves a lamentar" (Correio do Vouga, 19/09/1942). No mesmo local, foi depois construída a actual ponte dos Carcavelos.





domingo, 13 de novembro de 2011

Fonte das Cinco Bicas e Igreja do Espírito Santo

Chafariz do Espírito Santo

(Sem data. Editor Alberto Ferreira, Porto. Colecção Morais Sarmento)


Chafariz do Espírito Santo

(Finais do séc. XIX. Colecção Morais Sarmento)


Chafariz do Espírito Santo

(Sem data. Colecção Morais Sarmento)


Chafariz do Espírito Santo

(1973 - Durante um desfile etnográfico. Colecção Morais Sarmento)


Placa indicativa, perto do Vale das Maias, no limite dos concelhos de Ílhavo e Vagos

(Foto: Jorge Cunha, 2011)


Vale das Maias, onde, em 1944, se começaram as obras de captação de água para abastecimento à cidade de Aveiro

(Foto: Jorge Cunha, 2011)


Vale das Maias

(Foto: Jorge Cunha, 2011)


Vale das Maias

(Foto: Jorge Cunha, 2011)




Notas à margem


* O Chafariz do Espírito Santo (que todos os aveirenses conhecem como Fonte das Cinco Bicas) foi inaugurado em 1880. Recebeu esse nome certamente pelo facto de se situar na antiga paróquia do Espírito Santo, muito próximo do local onde havia existido a igreja do Espírito Santo.

* Segundo Rangel de Quadros ("Aveiro - Apontamentos Históricos") a igreja do Espírito Santo situava-se um pouco a sul do actual Largo das Cinco Bicas ou Largo de Luís de Camões, tendo sido desafectada do culto em 31 de Janeiro de 1836. Curiosamente, o último enterramento feito na igreja (uma criança de dois anos) teve lugar a 13 de Outubro de 1835, no mesmo ano em que foi criado o primeiro cemitério público de Aveiro (o actual cemitério central) e nele feito o primeiro enterramento (a 12 de Dezembro).


* A 11 de Outubro de 1835, pouco antes da desafectação da igreja ao culto, por alvará do primeiro governador civil de Aveiro, José Joaquim Lopes de Lima, tinham sido reduzidas a duas as quatro freguesias da cidade: a da Vera Cruz, compreendendo o território desta e o de Nossa Senhora da Apresentação; e a de Nossa Senhora da Glória, que passou a compreender a área das extintas freguesias de S. Miguel e do Espírito Santo. O mesmo alvará determinava ainda que fossem demolidas a igreja de S. Miguel e a do Espírito Santo (Marques Gomes, "Memórias de Aveiro"; Pinho Leal, "Portugal Antigo e Moderno"; Rangel de Quadros, "Aveiro – Apontamentos Avulsos".
O processo de demolição da igreja do Espírito Santo, contudo, arrastou-se ainda por largos anos. Com efeito, segundo Rangel de Quadros ("Aveiro - Apontamentos Históricos"), no ano de 1843 é ordenada definitivamente a sua demolição, mas os trabalhos terminariam apenas em 1858. Ainda em 1857, o administrador do concelho de Aveiro, em reunião da Junta de Paróquia da Glória, transmitiu as ordens peremptórias do Governador Civil para que, de imediato, fossem removidos os entulhos da igreja, demolida há anos, e trasladadas as ossadas dos cadáveres que haviam sido aí sepultados.

* Bastantes anos antes (1841), tinha já sido demolido o cruzeiro da igreja do Espírito Santo, "muito notável pelos arrendados da cruz, cujos braços e parte superior terminavam em flor de lis", sendo "muito semelhante ao que ainda hoje se vê no adro de S. Domingos" (Rangel de Quadros, "Aveiro - Apontamentos Históricos").


* O chafariz do Espírito Santo foi uma obra levada a cabo pela Câmara Municipal com o intuito de melhorar o sistema de fornecimento de água à população, que, nessa altura, mesmo no espaço urbano, era assegurado unicamente por fontanários. De acordo com um interessante estudo de Manuel Ferreira Rodrigues, "Património Urbano Associado ao Abastecimento de Água a Aveiro", Em 8 de Agosto de 1878, em conformidade com um plano aprovado antes, a Câmara obtém um empréstimo no valor de 10.000$00 réis, amortizáveis em 10 anos, ao juro de 7% ao ano. Para a edificação de um chafariz, na freguesia da Glória, «de extrema necessidade e instantemente reclamado», estavam destinados 4000$000 réis; o resto seria para uma estrada (3000$00 réis) e para a escola da Vera Cruz outro tanto. Os 4 contos de réis, especificava o texto, eram para «a exploração de águas, na Brejeira, seu encanamento e construção do chafariz do Espírito Santo», hoje conhecido como Fonte das Cinco Bicas. Na freguesia da Glória apenas existiam duas fontes, situadas em dois extremos da freguesia, «que pouca água podem fornecer». O chafariz era considerado «uma obra de grande vulto e muito dispendiosa». As obras de construção prolongaram-se até 1880, ano em que foi inaugurado, como se pode ver na inscrição epigráfica do mesmo.


* Ainda segundo Manuel Ferreira Rodrigues, o projecto do chafariz do Espírito Santo, tal como o do chafariz da Praça do Peixe, é da autoria do Eng. João Honorato da Fonseca Regala. A pedra utilizada na sua construção (calcário) veio de Outil e Ançã. A inexistência de pedra em Aveiro tornava obrigatória a sua vinda de longe: o grés vermelho, de Eirol; o calcário, da região de Cantanhede; o granito, de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Sever do Vouga, Santa Maria da Feira; o xisto, de Canelas. Noutros casos, aproveitava-se a pedra proveniente de demolições, feitas, por vezes, expressamente com o fim de obter material para novas construções: assim sucedeu com "os restos da velha muralha medieval e dois templos, um na cidade e outro em Esgueira" que "foram demolidos para a obtenção de pedra para os alicerces do liceu e do teatro e, especialmente, para as obras da barra e do cais da cidade" (Manuel Ferreira Rodrigues, obra citada).


* Em Aveiro, a rede de abastecimento de água ao domicílio é bastante tardia (meados do séc. XX). Até então, o que existia eram fontanários públicos. E, mesmo em relação a estes, só a partir da década de 1870 é que são feitos esforços mais significativos para dotar a cidade de mais fontanários e água de melhor qualidade, com novas captações e construção de canalização subterrânea. Datam dessa época, entre outros, o Chafariz da Praça do Comércio (Fonte dos Arcos), o da Praça do Peixe, o do Espírito Santo e o da Vera Cruz, situado junto ao antigo convento de Sá (onde hoje se encontra o quartel de Sá). Ainda segundo Manuel Ferreira Rodrigues, só a partir de 1946 é que a água começa a chegar ao domicílio dos aveirenses. Em Abril de 1944, a Câmara Municipal contrai um empréstimo bancário de 3.955.000$00 para fazer face às obras de abastecimento de água à cidade. Em Setembro do mesmo ano, iniciam-se no Vale das Maias (no limite dos concelhos de Ílhavo e Vagos) os trabalhos de captação de água potável para esse efeito. Segundo o jornal "Correio do Vouga", a água canalizada chega finalmente às casas dos aveirenses em 14 de Abril de 1946. E, seis anos depois (Maio de 1952), começa a funcionar o chamado Depósito da Água, na actual Rua de Mário Sacramento.